quarta-feira, 30 de março de 2016

Fantasia e imaginação...

A fantasia constrói-se com materiais que tomamos do mundo real. A imaginação pode criar novos modos de combinação, misturando primeiramente elementos reais, combinando depois imagens de fantasia. (Vygotsky, 1997)*
A atividade criadora da imaginação constrói-se numa relação direta com a riqueza e a variedade de experiências acumuladas pelo homem. Essa experiência é o material com o qual o ser humano edifica a fantasia. Assim, quanto mais rica for a experiência humana maior será o material de que dispõem essa imaginação. Sendo a experiência da criança menor do que a dos adultos é um equivoco afirmar-se que a imaginação da criança é maior do que a dos adulto. Porém as crianças estão menos veiculadas à sua experiência e aos estereótipos sociais e isso permite-lhes (re)inventar constantemente as suas ideias sobre experiência....

É, portanto, necessário ampliar a experiência da criança se queremos proporcionar-lhe uma base suficientemente sólida para a a atividade criadora. Quanto mais a criança observa, vê, ouve, sente, fala e experimenta mais aprende e mais assimila. Quantos mais elementos reais dispõem na sua experiência mais produtiva será a atividade da sua imaginação.... 

Na minha prática pedagógica inspiro-me na arte criadora das crianças para, humildemente, procurar ler o mundo do seu ponto de vista. Procuro romper com o adultocentrismo que transporto sobre os ombros para me tornar capaz de criar situações desafiadoras, que façam crescer na criança a paixão por comunicar com o mundo e ao mundo as suas ideias e pensamentos, as suas ações, descobertas e invenções, os seus sentimentos e emoções ... Procuro criar um quotidiano repleto de paixão e de desafios, de procura e de descoberta, de alegrias e de inquietudes, de negociações e de transgressões...um quotidiano repleto de VIDA!  







Acredito numa escola que é vida, que fala das coisas da vida, que se importa com a coisas da vida! Acredito numa escola onde há sorrisos, lágrimas, zangas, alegria, tristeza, frio, calor, abraços, silêncios, ruído, onde há cores vivas, quentes, fortes e traços suaves, leves, intensos!
Nessa escola, que é vida, as crianças têm direito a ser crianças. Sabem-se escutadas, aceites, valorizadas. 
Nessa escola em que acredito as crianças são competentes, ativas, participativas. (Co)laboram na construção da sua jornada de aprendizagem usando "as cem linguagens" (Malaguzzi, 1998), por isso, desenham, pintam, fazem esculturas, colagens, modelam, cantam, dançam, correm, sobem, descem, caminham, transformam, olham de perto, de longe, para dentro, para fora, a direito, de pernas para o ar, (re)criam, jogam o jogo do pensar, do brincar, do aprender e são crianças!













Vygotsky LS (1997). Imaginacion y el arte em la infancia. Mexico: Hispânicas.

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